“Isto não é de forma alguma um apelo ao desarmamento de Israel (…), mas um apelo para parar qualquer desestabilização nesta parte do mundo”, disse Macron, durante uma conferência de imprensa realizada em Chipre no final de uma cimeira Med9, organização que reúne os países mediterrânicos da União Europeia (França, Itália, Espanha, Grécia, Portugal, Croácia, Eslovénia, Chipre e Malta).
O conflito entre Israel e o Hezbollah eclodiu há um ano, quando o grupo xiita começou a disparar foguetes contra o norte de Israel em apoio ao grupo militante palestino Hamas no início da guerra em Gaza, que se seguiu ao ataque sangrento do Hamas às comunidades no sul de Israel, resultando em 1.200 mortes em poucas horas.
O conflito intensificou-se nas últimas semanas, com Israel a bombardear o sul do Líbano, os subúrbios ao sul de Beirute e o Vale do Bekaa, matando muitos dos principais líderes do Hezbollah e enviando tropas terrestres para áreas do sul do Líbano. Por sua vez, o Hezbollah disparou foguetes profundamente no território do Estado judeu.
“Reiterámos a necessidade de um cessar-fogo e este cessar-fogo é essencial tanto em Gaza como no Líbano. É necessário agora, tanto para os reféns como para a população civil, que é vítima da violência, e para evitar a contaminação regional”, disse o líder francês.
“É por isso que a França apelou ao fim da exportação de armas utilizadas nestes teatros de guerra. (…). Todos sabemos que esta é a única forma de acabar” com os conflitos regionais, acrescentou Macron.
Já no sábado passado, o presidente francês tinha dito que os carregamentos de armas utilizadas no conflito de Gaza deveriam ser interrompidos como parte de um esforço mais amplo para encontrar uma solução política, o que levou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a declarar no dia seguinte que a imposição de restrições à Israel servirá apenas o Irão e os seus representantes regionais.
A França não é um grande fornecedor de armas a Israel, entregando 30 milhões de euros (33 milhões de dólares) em equipamento militar no ano passado, de acordo com o relatório anual de exportações de armas do Ministério da Defesa.
O aviso de Macron
Também na sexta-feira, Macron disse que era “completamente inaceitável” que as forças de manutenção da paz da ONU fossem “deliberadamente alvo das forças armadas israelitas” no sul do Líbano e advertiu que a França “não tolerará” mais tiros depois dos últimos dois dias.
“Nós condenamos. Não toleramos isto e não toleraremos que volte a acontecer”, disse o presidente francês, durante a cimeira em Chipre, segundo a AFP e a Agerpres.
Os países Med9 apelaram à “cessação das hostilidades e à retomada das discussões” sobre os conflitos em Gaza e no Líbano, a fim de “encontrar uma solução justa e duradoura na nossa região”, disse o presidente cipriota, Nikos Christodoulides, no final da reunião.
“Tudo o que acontece no Médio Oriente tem um impacto decisivo em toda a região”, acrescentou, agradecendo ao rei Abdullah II da Jordânia, que participou em parte da reunião em Paphos, no oeste da ilha.
A Força Interina de Manutenção da Paz das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) anunciou na sexta-feira que dois soldados da paz do Sri Lanka foram feridos perto da fronteira com Israel, dizendo que o fogo do exército israelense representava um “risco muito alto” para seus soldados.
Na quinta-feira, dois membros indonésios dos Capacetes Azuis ficaram feridos num ataque das forças israelitas à sede da UNIFIL, provocando protestos internacionais, com Roma a referir-se mesmo a possíveis “crimes de guerra”, enquanto Paris convocou na sexta-feira o embaixador de Israel em França em conexão com com este incidente.
A UNIFIL, que tem 10.000 soldados destacados no sul do Líbano, anunciou novamente na sexta-feira que a sua sede “foi atingida por explosões pela segunda vez em 48 horas” perto de uma “torre de observação” e “dois Capacetes Azuis ficaram feridos”.